Marília Diaz
Casa
Casa
Palha, paus, tecidos, gelo, argila, metal, vidro...
Palco de histórias há 300.000 anos.
Casa abrigo. Lugar de estar e guardar.
Espessura para pensamentos, lembranças e sonhos.
Intimidade e enraizamento.
No tempo da peste, segunda vestidura, outro útero.
Fico lá, protegida.
Ela, uma construção. Eu em construção.
Acontecimentos almejam deitar a casa abaixo.
Alvejada resiste. Eu também.
Construção recíproca.
Morada. Confiança e repouso.
Casa aprazível, cosmo, lar.
Marília Diaz
Exposição virtual Casa
outubro/novembro de 2021
Galeria Virtual da Maré
www.accultural.webnode.com
Entorno
Circunscrito à casa o olhar espia.
Lá fora, jardim monótono.
Domesticado, sem cor, espaços cercados.
Nichos vivos, cultivação.
Cosmos em miniatura, o sagrado na fonte das delícias.
Vida do sonhador.
Marília Diaz
Vestígios
No espectro da casa as conversadeiras gritam das janelas.
Gavetas que estilham argila, bocados do jardim.
Janelas.
Marquise que sustenta mulheres em busca da circularidade.
Marília Diaz
A flor e a pele
Íntimo
Enredo Íntimo
Marília abre seus sonhos, caixa iluminada como flor de cetim, que cobre de perfume nossos olhares.
Contos dispersos, retrato vivo, amiga, menina, irmã, noiva, mulher. Então, todos os céus se cobrem de estrelas.
Retrato de menina, boneca carcomida pelo tempo, sonhos de criança que se esvaem, vestido roto, antes suntuoso.
Pedaços de sorriso, coroa de rainha, anda descalça pelo luar.
Coração cortado em incisão cirúrgica, arrancado da carne os mais recônditos segredos.
Mendiga pela estrada, Marília distribui generosidade a todos os que bem no fundo do seu olhar, puderem enxergar a alma de uma mulher.
Dos seus dedos escorrem sonhos.
Nela Arte e Vida são uma coisa só. Adquirem substância as palavras de Bachelard: “Os sonhos que viveram em uma alma continuam a viver em suas obras”.
Que este retrato de alma, revelação intima, grandiosa, sofrida e trágica, carregada da ânsia de viver, que há em Marília e que nada acalma, possa nos trazer a doçura e a tranquilidade das palavras de Forbela Spanca:” E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar.”
Márcio Medeiros